sexta-feira, 4 de março de 2016

“... PORQUE ESTE TEU IRMÃO ESTAVA MORTO E TORNOU A VIVER...”

4º DOMINGO DA QUARESMA

Dia 06 de Março de 2016
Evangelho - Lc15,1-3.11-32

 Neste quarto domingo da quaresma, já podemos alargar um pouco mais os nossos passos, pois já temos uma visão clara do caminho que temos pela frente!
Aprendemos muito nesta nossa caminhada de preparação para a Páscoa, mas  ainda há muito que aprender, afinal, precisamos aprimorar na fé!
A liturgia deste tempo Quaresmal, nos  possibilitou um aprofundamento maior na palavra de Deus, a mergulhamos  no mistério do seu amor, um amor que ultrapassou todos os limites, que não levou em conta as nossas ingratidões!
A realização plena do homem sempre foi e sempre a prioridade de Deus, Ele provou isto, investindo alto no resgate  deste bem que lhe é precioso,  permitindo  que o seu  Filho pagasse com a vida  o preço da nossa liberdade.
Aproveitemos  estes dias que nos separa da grande Festa da vida, para revisar o quanto há de luz e sombras em nossa vida,  pois ainda há tempo de abandonarmos tudo que nos distancia da Luz!
No evangelho de hoje, vemos  que os   fariseus e mestres da lei,criticavam  Jesus  por Ele acolher os pecadores, como se eles não fossem  pecadores também!
  Em resposta a essas criticas, Jesus conta-lhes uma parábola conhecida, como a parábola do filho pródigo.
 A história  nos mostra com detalhes, a conduta de dois filhos e a atitude misericordiosa de um  pai, diante à ingratidão do filho mais novo e a dureza de coração do filho mais velho.
É interessante observarmos, que o Pai, da história, não interfere  na decisão do filho mais novo quando ele decide sair de casa tomando um rumo diferente  do irmão mais velho. A postura deste pai, que não impediu que o seu filho fizesse a sua escolha,  vem nos falar de Deus, Deus  também é assim conosco, Ele nos deixa livres para fazermos  as nossas escolhas, não interfere nas nossas decisões!
Na história, fica evidente,  a  paciência de um pai que ama, que não desiste do filho, que espera dia pós dia com os olhos fixos no caminho  a volta do  filho que  havia se enveredado  por caminhos contrários. 
A repreensão, deste  pai,  ao filho mais velho que  sentiu enciumado em relação  ao caloroso acolhimento ao irmão mais novo, que volta pra casa depois de gastar futilmente   os seus  bens, vem nos falar da misericórdia de Deus, Deus  ama a todos igualmente sem distinção!
O propósito de Jesus, ao contar esta parábola, era mostrar aos fariseus e mestres da lei, a atitude de  Deus diante as nossas imperfeiçoes, o seu olhar de  Pai, é um olhar de misericórdia, um olhar que vê a pessoa e não o seu pecado!
Sabemos que são muitos os que  estão sobre a terra, mas que se sentem soterrados, pessoas que pagam um preço muito alto pelos seus erros, assim com o filho mais novo da historia, pagou. E quantos de nós, que dizemos seguidores de Jesus,  temos  a mesma atitude do filho mais velho, ao invés  de acolhermos  estes irmãos, contribuímos para que eles  se percam cada vez mais com a nossa indiferença, com o nosso preconceito, não lhe dando sequer uma chance para que ele retome o caminho da vida!
Precisamos ter um coração misericordioso, semelhante ao coração do Pai, um coração aberto para acolher  aqueles que erraram, mas que querem redimir-se, o que não significa concordar  com os seus erros e sim,  acreditar que uma pessoa criada a imagem e semelhança de Deus, é merecedora de uma nova chance para refazer a sua vida. 
Enganamos quando pensamos que somente aquele que se dispersou e que aos nossos olhos se afastou  de Deus, são os necessitados de conversão, todos nós somos necessitados de conversão,  até mesmo os que se consideram bons,  como o filho mais velho da parábola!
Para Deus, não existe caminho sem volta e nem ponto final para uma história de amor iniciada na criação.

O amor tem uma força irresistível, é caminho que  traz de volta àquele que dispersou! Sejamos, pois, a força deste amor na vida do outro!


Fonte: Liturgia diária comentada/Olivia Coutinho


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Domingo, 07 de fevereiro.

Evangelho de Lc5,1-11

Certo dia, Jesus estava na margem do lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago; os pescadores haviam desembarcado, e lavavam as redes. Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão:
-"Avance para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca."
Simão respondeu:
-"Mestre, tentamos a noite inteira, e não pescamos nada. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes."
Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se arrebentavam. Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que fossem ajudá-los. Eles foram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.
Ao ver isso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo:
- "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!"
E que o espanto tinha tomado conta de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados.
Mas Jesus disse a Simão:
- "Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens." Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo, e seguiram a Jesus.
Palavra da salvação:

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Depois de ter sido expulso de Nazaré, após se revelar como o enviado de Deus, através de uma leitura feita por Ele numa sinagoga, Jesus mudou o local de suas pregações, deixando as sinagogas para  pregar a céu aberto.  Não, que Ele guardasse algum ressentimento das humilhações sofridas por parte de  seus conterrâneos dentro de uma sinagoga e sim, para ampliar o seu campo de ação!
Nas praias, nas estradas, nas praças, as suas palavras alcançariam um número maior de pessoas, o que podemos constatar no evangelho deste domingo, que começa dizendo: “Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.”
 O texto que nos é apresentado, é riquíssimo em ensinamentos,  marca o início da relação entre Jesus e os seus primeiros colaboradores! Relação, que começa após uma fracassada pesca, quando Jesus depara com Pedro e seus companheiros lavando as redes na praia, dando como encerrada as frustradas tentativas de pesca.
A iniciativa deste encontro,  parte de Jesus, quando Ele decide fazer da barca de Pedro, um local para  mais uma de suas  pregações!
Terminada a pregação, Jesus diz a Pedro: “Avance para águas mais profundas e lançai vossas redes para a pesca”. Mesmo tomado pelo desanimo, Pedro, em obediência a Jesus, faz o que Ele manda e o milagre da pesca acontece! Foi o milagre que abriu os olhos de Pedro e hoje abre também os nossos olhos para uma realidade que muitas vezes  nós não nos damos  conta: a pequenez do humano diante o poder  Divino!
Neste episódio, Pedro reconhece a divindade de Jesus, e numa atitude de humildade, atira-se aos seus pés, se declarando indigno de estar com Ele: “Afasta-te de mim Senhor, porque sou um pecador!” Este reconhecimento de Pedro, não fez com que Jesus afastasse dele, pelo contrário, foi a partir daí, que Jesus o convoca a ser um pescador de homens!
Pedro, um homem de temperamento forte, que acreditava entender tudo de pesca, deixa-se conquistar por Jesus, larga a sua barca na praia e vai buscar outro mar! É na barca de Jesus, que Pedro avança mar adentro levando consigo os seus companheiros!
Assim como Jesus convidou os primeiros discípulos a mergulharem nas profundezas do mar humano, hoje, Ele nos convida a deixarmos às margens e a  avançarmos para as águas mais profundas, isto é, a nos colocar a serviço do Reino! Ficar às margens, pode até ser cômodo, seguro, afinal, não correremos nenhum risco, mas deixaremos de experimentar as alegrias de navegar na barca de Jesus, o único meio de chegarmos nas profundezas do coração do Pai!
Lançar as redes em águas mais profundas do mar humano, significa abordar o outro, conquistá-lo para Deus, é buscar o novo, é inovar, é tornar ponte para que o outro possa conhecer, ou retomar o caminho da vida!
A salvação é graça de Deus para todos, diante desta oferta de amor, cada um de nós tem que tomar uma decisão que requer uma resposta de coragem, de compromisso e de fé!
A fé, o ardor missionário, nos desinstala nos estimula a buscar novos meios para anunciar, de  forma criativa a Boa Nova do Reino!
Como seguidores  de Jesus, não podemos ter medo, precisamos arriscar, tomar o remo, mesmo sem conhecer a rota, o decisivo para nós, não é conhecer a rota  é ir, é ter coragem e disposição  para avançar, para  ir mais além, o restante, é com Jesus, Ele nos mostrará a direção, ou seja, Ele é direção, basta segui-lo!

Fonte: Olivia Coutinho.


domingo, 25 de outubro de 2015

“EU VIM LANÇAR FOGO SOBRE A TERRA”...


Evangelho Lc 12,49-53

 
Quando fazemos opção por Jesus, já sabemos dos desafios que encontraremos pela frente, Jesus nunca iludiu os seus seguidores prometendo facilidades! Todo aquele que adere as propostas de Jesus, é criticado, é rejeitado, a cruz é inevitável no seu caminho como foi inevitável no caminho do próprio Jesus!

O evangelho de hoje, nos desperta sobre a importância de colocarmos Jesus como centralidade da nossa vida! Jesus é o único caminho que nos leva a felicidade plena, Ele é o caminho que nos conduz ao Pai, longe Dele, não há  vida!

“Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão.” Como Jesus mesmo diz, Ele não veio trazer a paz, Jesus veio nos  “incomodar”, ou seja, veio nos desinstalar, nos tirar do comodismo, nos inquietar.

“...Daqui por diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos : o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.” Estas palavras de Jesus, à princípio pode nos parecer de difícil compreensão, mas se refletirmos um pouco mais, vamos entendê-las claramente: Ora, se a espada é aquilo que divide, e

Jesus veio trazer a espada, Ele realmente veio dividir, dividir, porque nem todos vão aceitá-Lo. A separação na família, a que Jesus se refere, é a consequência de aceitar ou não aceitar as suas propostas! Dentro de uma mesma família, uns vão aceitar as propostas de Jesus, outros não, é  desta separação que Jesus fala;

Todos são convidados, mas nem todos aceitam o seu chamado, portanto, nem todos serão salvos. A salvação é individual e não coletiva, não é pelo fato de pertencermos a uma mesma Igreja, a um mesmo grupo, a uma mesma família, que seremos salvos, e sim, pela nossa obediência a Deus no seguimento à Jesus! Todos os que aderirem as propostas de Jesus, serão salvos porque viverão segundo a vontade de Deus, já os que optarem pelas propostas do mundo, ficarão de fora, ou seja, numa mesma família, uns serão salvos outros não.

O testemunho de quem vive em Jesus, incomoda quem não quer mudar de vida, é daí que vão surgindo as divisões, principalmente na família.

Jesus não trouxe a Paz, pelo contrário, Ele provocou conflitos, incomodou os inimigos da Paz, foi com a sua ressurreição, que Ele abriu o caminho da verdadeira paz, uma paz contrária a paz que o mundo oferece através de armas que tiram vidas!

A paz, que é  fruto da ressurreição de Jesus, foi conquistada com a arma mais poderosa que existe, a arma que gera vida: o amor! Esta paz, todos nós podemos ter, mesmo em meio aos conflitos do mundo, de um mundo que continua rejeitando o dono da paz, que é Jesus!

 

Fonte:  Olívia Coutinho

terça-feira, 6 de outubro de 2015

“PORÉM UMA SÓ COISA É NECESSÁRIA”.



Dia 06 de Outubro de 2015

Evangelho de Lc10,38-42

Estamos no mês de outubro, mês em que a Igreja nos convida a refletirmos sobre a importância de sermos  missionários!
Ser missionário é colocar-se à disposição de Deus como  instrumento a ser usado por Ele, como e onde Ele quiser, é além das palavras, dar  testemunho de Jesus com a própria vida!
 A nossa correria do dia a  dia, nos  rouba  de Deus e de nós mesmos,  a nossa  preocupação em fazer, fazer e  fazer, nos impede de “ser”, de  ser amigo, de ser pai, mãe, esposo, esposa, filhos... E assim, vamos deixando as coisas importantes de  lado!
O evangelho de hoje, chama a nossa atenção sobre a importância de dedicarmos tempo para escuta da palavra de Deus! É a partir desta escuta, que  nos tornarmos missionários!
O texto nos coloca em Betânia, exatamente na casa de duas amigas de Jesus: Marta e Maria, duas irmãs, que o recebe com alegria em sua casa! As duas,  acolhem  bem Jesus, cada  uma a seu modo, uma pela escuta atenta da sua palavra e a outra pelo serviço.
A narrativa nos diz, que Maria sentou-se para ouvir Jesus, o que caracteriza  a postura  do discípulo que  quer aprender com o  Mestre! Maria, naquele momento tão especial, não quis se ocupar  com outros afazeres, o que indica que ela colocava as coisas de  Deus como prioridade em sua vida! Nela, temos o exemplo de como deve ser a nossa postura diante de Jesus. Postura, que  Marta não  teve,  devido a sua  preocupação exagerada com os  afazeres,  chegando ao ponto de se queixar com Jesus sobre  a postura  da irmã! Certamente, Marta também desejava ouvir Jesus, mas a sua preocupação com as tarefas domesticas era tão grande, que a privou  de desfrutar das maravilhas  daquele momento especial que  tivera  com a visita de Jesus! Talvez, a sua falha, não tenha sido na sua  dedicação  ao trabalho, e sim, em querer  desempenhá-lo, sem antes dedicar um tempo para ouvir Jesus!
Quando Marta reclama com Jesus, sobre a postura de Maria, Ele, com uma suave repreensão, acalma  Marta dizendo: : “Marta, Marta tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”! Estas palavras  de Jesus, quer dizer, que naquele momento, o mais importante era deixar tudo para ouvir o que Ele tinha a dizer, o serviço, poderia ficar  para depois! A intenção de Marta era de servir bem a Jesus, mas ele mesmo diz: ”Eu não vim para ser servido, mas para servir.” Mc 10,45
Assim como Marta, nós  também,  por estamos muito ocupados com tantos afazeres, às vezes deixamos   de ouvir Jesus! 
Deixemo-nos, pois, de nos preocupar com tantas coisas, para buscarmos  em primeiro lugar o Reino de Deus e com certeza, tudo mais nos será acrescentado!
 Hoje, Jesus continua a nos dizer: Só uma coisa é necessária... Para muitos, pode ser difícil definir o que é necessário! Para mim, o necessário é ouvir Jesus, é  saber o que Ele quer de nós e para nós!
O nosso relacionamento  com Jesus através da escuta, é imprescindível, a eficácia de todos os nossos feitos, está em nos deixar orientar por Ele! 
O amor, a busca pela santidade, deve ser o nosso objetivo primeiro, o horizonte que não podemos perder  de vista em meio as nossas ocupações diárias.

Fonte: Olívia Coutinho


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Evangelho de Lc9,57-62

“O FILHO DO HOMEM NÃO TEM ONDE REPOUSAR A CABEÇA.”



A cada dia, Deus coloca em nossas mãos uma pagina em branco, na qual deveremos escrever mais um capítulo da nossa história, uma história, que só terá sentido se colocarmos Jesus como centralidade da nossa vida!
Tudo que Deus mais quer é estar conosco, mas  Ele não controla os nossos passos, nos dá total liberdade para fazemos as nossas escolhas! Cada dia, é uma oportunidade que Ele nos oferece, para escolher o que queremos para a nossa vida: a luz ou as trevas? A vida ou a morte?
A nossa vida, não nos foi dada para ser vivida com reservas, ou como se fosse um peso, Deus quer que todos nós vivamos a vida na sua totalidade, foi para isto que Ele enviou o seu Filho, para nos ensinar o caminho da alegria, o caminho  da felicidade plena! É caminhando e sendo caminho para o outro, que daremos a Deus a resposta de amor!
A todo instante, somos chamados a gastar a vida no seguimento à Jesus, a nos embrenhar com Ele pelas estradas da vida, ao encontro dos sofredores, dos nossos irmãos esquecidos às margens do caminho!
O evangelho de hoje, nos deixa uma mensagem muito clara: para seguir Jesus é preciso estar livre, desprendido, disposto a enfrentar desafios! O seguimento à Jesus, implica em mudança radical no nosso modo de viver, exige de nós, muito mais do que boa vontade e entusiasmo, exige compromisso, renuncia, desprendimento...
Em momento algum, Jesus iludiu os primeiros discípulos e nem a nós que somos os discípulos de hoje com facilidades! Ele sempre deixou claro que a caminhada do discípulo missionário, é desafiadora,  mas gratificante, pois tem como recompensa: a vida eterna como herança! Vida eterna, que já podemos começar a usufrui-la  já aqui na terra, pois quem vive em Jesus e Jesus vive nele, vive a plenitude!
Seguir Jesus, é buscar algo novo dentro de nós, é avançar para águas mais profundas no desejo de atrair pessoas para o convívio com o Pai! É atravessar o lago e buscar a outra margem, onde tantos irmãos necessitam do nosso auxílio!
Jesus é o caminho, a verdade e a vida, a nossa opção por Ele, tem que ser radical, do contrário, ficamos na superficialidade da fé, não adentramos no mistério do amor do Pai!
Muitos de nós, adiamos o nosso “sim” a Jesus, nos escondendo atrás das mais variadas desculpas: vou aceitar o chamado de Jesus, depois que eu  terminar os meus estudos, depois que os meus filhos crescerem, quando eu me aposentar..." E assim, vamos perdendo a oportunidade de viver uma intimidade profunda com Jesus no serviço prestado ao Reino, esquecendo de que o nosso tempo de vida terrena é curto.

Seguir Jesus, é viver no amor, é ser presença do amor de Deus no meio em que vivemos!


Fonte: Olivia Coutinho.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A morte de João Batista-Dehonianos


Tempo Comum - Anos Ímpares - XVIII Semana - Segunda-feira

Lectio

Primeira leitura: Números 11, 4b-15

Naqueles dias, disseram os filhos de Israel: «Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos do peixe que comíamos de graça no Egito, dos pepinos, dos melões, dos alhos porros, das cebolas e dos alhos. Agora, a nossa garganta está seca; não há nada diante de nós senão maná.» O maná era como a semente do coentro e o seu aspecto como o bdélio. 8 povo espalhava-se a apanhá-lo e moía-o em moinhos ou pisava-o em almofarizes; cozia-o em panelas e fazia bolos; tinha o sabor de tortas com gordura de azeite. Quando o orvalho caía de noite sobre o acampamento, o maná também caía. Moisés ouviu o povo chorar agrupado por famílias, cada uma à entrada da sua tenda. Mas a ira do Senhor inflamou-se muito e Moisés sentiu o mal perto de si. Então Moisés falou ao Senhor: «Porque atormentas o teu servo? Porque é que não encontrei graça diante de ti, a ponto de pores todo este povo como um peso sobre mim? Acaso fui eu que concebi todo este povo? Fui eu que o dei à luz, para me dizeres: ‘Leva-o ao colo, como a ama leva a criança de peito, até à terra que prometeste a seus pais?’ Onde arranjarei carne para dar a todo este povo que chora junto de mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer!’ Eu sozinho não consigo suportar todo este povo, porque é demasiado pesado para mim! Se me queres tratar assim, dá-me antes a morte; se encontrei graça diante de ti, que eu não veja mais a minha desgraça!».
A caminhada de Israel pelo deserto, narrada nos livros do Êxodo e dos Números, justapõe episódios relativos à carência de comida e bebida, a perigos próprios de uma região inóspita, a reacções de rebeldia e de murmuração, a intervenções de Deus diante das carências e das rebeliões. O povo, mais do que olhar para a salvação alcançada, para o dom gratuito de Deus, olha para trás com saudades do Egipto e dos bens de que lá dispunha, esquecendo os sofrimentos. Parecia-lhe melhor continuar escravo no Egito que livre no deserto, a comer o maná, que não enchia os estômagos. Israel é um povo descontente, incapaz de reconhecer os dons de Deus: a liberdade e o pão descido do céu.
Moisés, visceralmente ligado ao destino desse povo, entra em crise e barafusta com Deus. É a sorte do mediador, que deve identificar-se com o destino do povo, permanecendo fiel a Deus. A lamentação de Moisés, significativa no seu realismo, antecipa as lamentações dos salmos e dos Profetas. Moisés, amigo de Deus, pode barafustar com Ele, que é o verdadeiro Senhor do povo. A sua audácia leva-o a pôr em causa a fidelidade paterna e materna de Deus e a suplicá-la com arrojo.

Evangelho: Mateus 14, 13-21
Naquele tempo, quando Jesus ouviu dizer que João Baptista tinha sido morto, retirou-se dali sozinho num barco, para um lugar deserto; mas o povo, quando soube, seguiu-o a pé, desde as cidades. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de misericórdia para com ela, curou os seus enfermos. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Este sítio é deserto e a hora já vai avançada. Manda embora a multidão, para que possa ir às aldeias comprar alimento.» Mas Jesus disse-lhes: «Não é preciso que eles vão; dai-lhes vós mesmos de comer.» Responderam: «Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.» 1«Trazei-mos cá» - disse Ele. E, depois de ordenar à multidão que se sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu e pronunciou a bênção; partiu, depois, os pães e deu-os aos discípulos, e estes distribuíram-nos pela multidão. 20Todos comeram e ficaram saciados; e, com o que sobejou, encheram doze cestos. 21Ora, os que comeram eram uns cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
A notícia da morte de João Baptista leva Jesus a afastar-se da multidão, para escapar à presumível tentativa de O matarem, também a Ele, já alvo de conjura por parte dos fariseus. Mas, fiel à missão que o Pai Lhe confiou, responde com amor à multidão, que Lhe pede gestos de salvação (vv. 13-14): cura os doentes, que Lhe são apresentados, e sacia a fome dos que O seguem. Mas exige a participação dos discípulos, que são chamados a dar-se a si mesmos, e a pôr em comum o que têm (vv. 16s.).
A narrativa deste milagre antecipa, na intenção do evangelista, o da instituição da Eucaristia (cf. Mt 26, 26). Os discípulos serão ministros, distribuindo aos outros o pão que Jesus lhes dá (v. 19). Do mesmo modo que sobrou pão, quando Eliseu, com vinte pães saciou cem pessoas (cf. 2 Rs 4, 42-44), assim também, e de modo ainda mais significativo, sobraram doze cestos, depois da refeição miraculosa oferecida por Jesus (v. 20). Tinham chegado os dias messiânicos. Jesus, o Messias, satisfazia todas as necessidades humanas, fazendo curas e saciando os que tinham fome. Na comunidade escatológica, fundada por Jesus, desaparecem toda a doença e toda a necessidade.

Meditatio
Entrevemos nas leituras de hoje uma unidade temática. No deserto, os Israelitas protestam e lamentam-se. A dura opressão, sofrida no Egipto, foi transformada na recordação de uma existência quase paradisíaca: «Lembramo-nos do peixe que comíamos de graça no Egipto, dos pepinos, dos melões, dos alhos-porros, das cebolas e dos alhos. Agora, a nossa garganta está seca; não há nada diante de nós senão maná» (vv. 5-6). Não estão satisfeitos com a porção de maná que, cada dia, Deus lhes envia. As lamentações do povo são «um peso» (v. 11) para Moisés, que, por sua vez, se lamenta com Deus: «Porque atormentas o teu servo» (v. 11). O grande chefe sente-se de tal modo abatido que chega a pedir a morte: «Se me queres tratar assim, dá-me antes a morte» (v. 15).
É fácil ceder à saudade do passado, quando nos deixamos guiar, não pelo espírito de fidelidade à aliança com Deus, mas pelos nossos instintos fortes, como podem ser a fome e a sede. Os Padres da Igreja sempre viram na caminhada de Israel através do deserto um paradigma do itinerário do cristão e da Igreja. O futuro assusta. O alimento ligeiro do espírito não é suficiente, as saudades do passado atraiçoam, e as exigências de Deus nem sempre são bem compreendidas. Cada cristão passa pelas suas provações. Mas ai de quem se fixa no passado! Há que acolher, agradecidos, o alimento quotidiano, ainda que seja leve como a Palavra de Deus, e o pão e vinho eucarísticos.
O evangelho apresenta-nos Jesus, qual novo Moisés no deserto, no meio de uma multidão cansada, faminta, doente. Esta multidão sente dificuldades em seguir o Messias. Mas é dele que espera tudo, incluindo a libertação política. Jesus corresponde aos seus anseios de modo eficaz e milagroso. Mas os sinais realizados, tal como a sua pessoa, devem ser acolhidos na fé. De facto, Jesus vive em comunhão com o Pai, mas também com os discípulos, com quem partilha tudo. O maná quotidiano, da Palavra e da Eucaristia, é alimento para o caminho, o viático para a jornada.
Lemos nas nossas Constituições: «Cristo rezou pelo advento do Reino, que já está em acção com a sua presença no meio de nós. Pela sua morte e ressurreição, abriu-nos ao dom do Espírito e à liberdade dos Filhos de Deus (cf. Rm 8,21). Ele é para nós o Primeiro e o Último, Aquele que vive (cf. Ap 1,17-18)». Para podermos chegar à pátria definitiva, Jesus não hesitou em dar tudo por nós. Ficou mesmo connosco, para ser nosso alimento e nossa bebida. Actua continuamente para que se realize plenamente o nosso êxodo do homem velho (cf. Rm 6, 6; Ef 4, 22; Cl 3, 9) para o homem novo (cf. Ef 4, 24; Cl 3, 10), a fim de nos tornarmos «um reino de sacerdotes»: «Fez deles para Deus um reino de sacerdotes que reinará sobre a terra» (Ap 5, 10); «Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, a fim de anunciardes as virtudes d´Aquele que vos chamou das trevas para a Sua luz admirável» (1 Pe 2, 8).
Deixemo-nos guiar por Jesus, novo Moisés, e acolhamos agradecidos os alimentos da Palavra e da Eucaristia que nos dá.

Oratio
Senhor Jesus, como me sinto semelhante ao teu povo, outrora peregrino no deserto. Todos os dias, me mandas o maná salvador da Palavra e da Eucaristia. Mas também, todos os dias, me deixo levar por saudades de outros alimentos e bebidas. A leveza do pão do céu, muitas vezes, não me satisfaz. Já experimentei a liberdade e a libertação com o êxodo do pecado. Mas, com frequência, olho para trás, sonho com o passado, e esqueço os teus dons. A minha vida assemelha-se, por vezes, ao deserto árido, e o meu caminho torna-se pesado e cheio de miragens enganadoras. Perdoa-me, Senhor! Tem paciência comigo. Renova as tuas maravilhas, para que não me esqueça de Ti e da tua Aliança. Sacia-me cada dia com o pão do céu, para que avance no deserto rumo à pátria que me preparaste. Amém.

Contemplatio
A Santíssima Eucaristia é o pão da vida, o pão dado pela salvação do mundo; e a vida, é Deus mesmo; mas este pão maravilhoso tem todos os gostos e todas as delícias, como o maná; sabe adaptar-se a todas as necessidades da nossa alma, e transforma-nos n’Ele em vez de ser transformado em nós; adapta-se a todas as nossas inclinações, tem a doçura do leite e a força do pão; numa palavra, o Sagrado Coração de Jesus é absolutamente ao mesmo tempo para nós um alimento que nos faz crescer e uma bebida generosa que nos enche de alegria. (Leão Dehon, A Eucaristia, OSP 2, p. 421).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra

«Todos comeram e ficaram saciados» (Mt 14, 20).

quinta-feira, 28 de maio de 2015